Um ato de extremo amor e ao mesmo tempo de desespero, me deixou pensativa enquanto fazia mais uma matéria para o Tudo na Hora.
Estava atrás de uma outra pauta quando o meu entrevistado me passou a triste notícia. Uma criança de 10 anos tinha sido acorrentada pelos pais à cama onde dormia, na humilde casa em um conjunto no bairro do Tabuleiro, temendo que o filho fosse consumir drogas e pudesse ser mais uma vítima de um traficante, que cobrava uma dívida.
No local destinado ao tratamento de crianças dependentes químicas, junto com o Conselho Tutelar e um ex-usuário de drogas que atualmente ajuda crianças em situação vulnerável, vi o franzino menino, que não aparentava esconder tantos medos e experiências.
Comecei a conversar com A.S. e a cada palavra ficava impressionada com sua frieza em afirmar que usava crack desde os oito anos de idade. Ele me contou que funcionava como um aviãozinho (gíria usada no tráfico para designar aqueles que levam e trazem drogas) e cansou da vida e decidiu se ver livre do vício, quando as ameaças começaram.
O menino com uma camisa da seleção brasileira, bermuda, boné na cabeça, aparentando inocência e com tantos medos dentro da pequena cabeça.
Logo depois ele foi levado para a avaliação do Centro de Tratamento e fiquei ali pensando nos absurdos que a vida proporciona. O tratamento dele foi assegurado, mas e as outras pequenas crianças usadas pelo tráfico que vivem em situações paralelas? Para onde vai o direito à infância?
Me questiono sobre as políticas públicas assistencialistas. Secretarias e mais órgãos destinados ao combate das drogas, etc e tal. Esse ano é o segundo caso de acorrentamento, mas e os outros que não chegam a ser evidenciados?
Aí vejo as mudanças nos governos, as novas linhas de governo para 2011, anúncio de cortes nos ministérios, escândalos, e a situação do desfavorecido cada vez pior.
Qual o verdadeiro sentido da política e da assistência neste mundo? A pobreza é lucro?
Pensemos.......
Segue a matéria
Após ameaças de traficantes, família acorrenta menino
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